Aministra Marina Silva destacou durante fórum em Turim, na Itália, o compromisso do governo brasileiro com o uso de biocombustíveis sustentáveis para acelerar a transição energética. O encontro ocorre na véspera reunião de ministros do G7 sobre Clima, Energia e Meio Ambiente, grupo que reúne sete dos países mais industrializados do planeta e convidados.
“O Brasil tem plena capacidade instalada de produzir biocombustíveis sem ameaçar a floresta, garantindo alimentos para a população e a preservação de serviços ecossistêmicos”, declarou Marina. Leia aqui a íntegra do discurso.
A ministra participou do Fórum Internacional de Biocombustíveis Sustentáveis, organizado pela presidência italiana do G7 e pela Agência Internacional de Energia (AIE). Convidado para o encontro ministerial de segunda-feira, o Brasil preside o G20 em 2024 e organizará a COP30, em 2025, na cidade de Belém (PA).
Marina ressaltou que a experiência de cinco décadas do Brasil com biocombustíveis representa “alternativa sustentável” para a transição energética. Afirmou também que é uma forma economicamente viável e competitiva de mitigar as emissões de gases causadores do efeito estufa, principalmente no setor de transportes.
“O aumento da produção de biocombustíveis precisa ocorrer em terras já degradadas para evitar o comprometimento de nossa segurança alimentar. Também não pode afetar a capacidade do Brasil de contribuir para a segurança alimentar de outras regiões do mundo”, ressaltou Marina.
A produção deve estar alinhada ao compromisso assumido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de zerar o desmatamento até 2030, completou a ministra. Com a retomada da governança socioambiental e das ações de fiscalização, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia reduziu 50% em 2023 na comparação com 2022, segundo o sistema Deter, do Inpe.
Marina ressaltou o comprometimento do G7 e do G20 com o debate sobre a transição energética e afirmou que o Brasil trabalha para avançar a Aliança Global de Biocombustíveis. Lançada no ano passado durante a presidência indiana do G20, a iniciativa tem adesão de mais de 20 países.
Até 2030, segundo recomendação da AIE, o mundo precisará triplicar a produção de biocombustíveis líquidos para atingir a meta de neutralidade das emissões de gases estufa até 2050. Isso é fundamental para limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2100, na comparação com níveis anteriores à Revolução Industrial.
“É imprescindível quebrar o ciclo de países ricos cobrando países em desenvolvimento, ou de países em desenvolvimento cobrando países ricos. Hoje, quem está cobrando fortemente de todos nós é a ciência”, afirmou a ministra. “Agir nesta década será decisivo para nos colocar em um patamar civilizatório mais justo, solidário e seguro.”
Integram também a delegação brasileira a secretária nacional de Mudança do Clima do MMA, Ana Toni, e o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), André Corrêa do Lago.
Transformação energética
A transição energética brasileira é transversal no governo e será guiada pelo Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda. Já o novo Plano Nacional sobre Mudança do Clima, em construção pelo MMA, terá oito planos setoriais de mitigação e 15 de adaptação, elaborados por setores relevantes.
O governo federal também adotou meta de elevar em 50% a participação de biocombustíveis na matriz energética de transporte até 2033, segundo o Plano de Ação para a Neoindustrialização, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
“Essa iniciativa impulsionará o desenvolvimento nacional com sustentabilidade, inovação e foco na bioeconomia, na transição energética e na redução de emissões de gases de efeito estufa”, afirmou Marina.
Hoje, destacou a ministra, há duas opções de combustível para veículos leves no Brasil, o que acelera a descarbonização no país: 100% etanol ou híbrido com 27% de etanol e 73% de gasolina. Carros elétricos também são promissores no país, completou, onde a matriz elétrica é 85% renovável.
A ministra também teve neste domingo reuniões bilaterais com os ministros do Meio Ambiente da Itália, Gilberto Pichetto; do Japão, Shintaro Ito; e do Canadá, Steven Guillbeault. Encontrou-se também com Fatih Birol, diretor-geral da Agência Internacional de Energia.
Na segunda, Marina participará da abertura oficial da reunião ministerial, da sessão para convidados e terá reuniões bilaterais antes de retornar ao Brasil. Além da Itália, o G7 reúne também Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido.
A ministra viajou para Turim após participação em Berlim, na Alemanha, do Diálogo de Petersberg sobre Clima, reunião preparatória para as negociações climáticas. Durante o encontro, defendeu que o mundo acelere sua transição energética para combater a emergência climática e promover o desenvolvimento sustentável.
O Diálogo de Petersberg integrou atividades da troica entre as presidências da COP28, da COP29 e da COP30. A COP28 ocorreu em dezembro de 2023, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e a conferência deste ano será organizada pelo Azerbaijão, na capital Baku, em novembro.
Leia aqui o discurso da ministra.